quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O restauro do Salão Nobre do Palácio da Pena – Passado, Presente e Futuro

História

O Salão Nobre do Palácio da Pena é o centro do Palácio Novo (acrescentado por D. Fernando II ao antigo mosteiro Jerónimo). Teve a designação inicial de “Sala dos Embaixadores” devido ao seu objetivo inicial, sala de acolhimento e etiqueta.

Após a morte de D. Maria II em 1853, as obrigações de estado de D. Fernando diminuem. A partir de 1862, este espaço é totalmente remodelado. Para tal, o Rei adquire uma mesa de bilhar, luminárias e mobiliário, que transformaram esta sala num espaço de convívio informal.
O Salão Nobre está revestido a estuque trabalhado, numa união de doze rosáceas de inspiração gótica, unidas a padrões neo-mouriscos. A estravagância da sala é acentuada pelos vitrais alemães colocados nas janelas, pelo mobiliário estilo neo-tudor, pelos turcos tocheiros e pelo lustre neo-gótico.

O mobiliário e as luminárias existentes no Salão Nobre, restaurado ao longo dos últimos 3 anos, foram adquiridos por D. Fernando II em 1867 à casa “Gaspar. Armador e Estofador. Sucessores Barbosa & Costa. Praça do Loreto, Lisboa”.

O mobiliário principal em madeira de andiroba e nogueira escurecida (originalmente com estofos forrados a chagrin Bordeaux) foi encomendado de forma a integrar-se por completo no contexto arquitetónico. Os oito grandes sofás de espaldar alto com espelhos inserem-se em 8 Panos de parede entre vãos do salão (quatro nos topos, quatro longitudinalmente). Os quatro turcos-tocheiros ocupavam os outros 4 panos de parede. As restantes peças, poltronas, cadeiras, tamboretes e mesas, organizavam-se em torno dos sofás.
Com esta interligação formal entre arquitetura e artes decorativas fixas e móveis, D. Fernando aproximou-se de um ideal que viria a ser realidade nas artes decorativas da geração seguinte: o Design Total.

©Foto: PSML/ Salão Nobre em 2011

A introdução de mais mobiliário pela seguinte geração que aqui habitou, a do rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia, aligeirou o carácter representativo desta sala. Com a chegada da República, estas peças foram retiradas do Salão Nobre e distribuídas pelo Palácio.

O restauro do Salão Nobre foi inaugurado pelo secretário de estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier no dia 23 de janeiro. Com esta intervenção, restituiu-se a integridade visual das peças bem como a reparação de danos e reconstituição das partes em falta. Os estofos voltaram a ser forrados a chagrin Bordeaux. Este restauro incluiu também a remodelação integral de estruturas técnicas e de segurança. Para além do mobiliário, também os estuques, as luminárias (incluindo o grande lustre), os vitrais e os pavimentos foram intervencionados, juntamente com a escada das cabaças e sala de entrada, tornando este restauro, um projeto integral. Mais detalhes sobre este projeto, AQUI (Press Release - Parquesde Sintra).

Toda a história aqui relatada baseou-se nos painéis que estiveram colocados durante a intervenção de restauro, no Salão Nobre.

©Foto: CaminhandoPorSintra/ Salão Nobre em Setembro de 2013

Em entrevista ao suplemento Economia do Jornal Expresso, publicado no passado sábado, 25 de Janeiro, António Lamas (presidente do conselho de administração da PSML) refere que esta intervenção teve um custo total de 262 mil euros. A mesma fonte indica que nos últimos 7 anos, a empresa pública investiu 26 milhões de euros na recuperação do Património. Em 2013, as receitas atingiram os 15 milhões de euros. O número de visitantes ascendeu a 1,7 milhões (93% estrangeiros), representando um aumento de 700 mil visitantes em 2 anos.

©Foto: Maria João Sousa/PSML/Janeiro 2014

Filme de apresentação do restauro do Salão Nobre, produzido pela Malagueta Produção Audiovisual para a Parques de Sintra



Reportagem sobre o restauro do Salão Nobre, emitida pela RTP1 no dia 22 de Janeiro. Esta reportagem conta com entrevista ao Arq. António Nunes Pereira (Diretor do Palácio da Pena), a Pedro Alexandre (Empresa Portal de São Domingos – Responsável pelo restauro do mobiliário) e ao Eng. Daniel Silva (Coordenador do restauro do Palácio da Pena).


Futuros restauros no Palácio da Pena
O restauro do Palácio da Pena não termina aqui. Neste momento encontra-se em remodelaçã o as instalações da loja, restaurante e cafetaria, prevendo-se a sua conclusão em Abril, juntamente com a instalação de um elevador nesse local para facilitar a acessibilidade (incluindo-se no projeto ‘Parques de Sintra Acolhe Melhor’).

Na reportagem da RTP, o Diretor do Palácio refere que está a ser terminado o restauro dos estuques da sala de entrada (junto à escada das Cabaças). Foi recentemente descoberto o mobiliário original da Sala de Fumo. Este mobiliário que se encontra nas reservas do Palácio da Pena e no Palácio Nacional de Sintra, será restaurado e colocado no seu local original. Antigamente chamada de ‘Sala Indiana’, esta sala está decorada com mobiliário indiano adquirido em 1940.

Será dada continuação do restauro do Gabinete da Rainha D. Amélia, cuja pintura mural se encontra bastante danificada. Os aposentos do Rei D. Manuel II, que serviram de apoio ao restauro do salão Nobre e que estão encerrados desde 2011, também serão alvo de intervenção de restauro. Espera-se também que o mecanismo do relógio do Palácio (Torre do Relógio) seja também recuperado durante este ano.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Nova sinalética no caminho de Santa Maria (Castelo dos Mouros)

No âmbito do projeto de requalificação do Castelo dos Mouros, a Parques de Sintra renovou a sinalética do percurso pedestre, com acesso através da ‘Rampa do Castelo’ e com ligação ao Castelo dos Mouros e Palácio da Pena, também conhecido como ‘caminho de Santa Maria’.


A nível histórico, importa lembrar que este percurso se desenvolve por terrenos que outrora foram propriedade do Rei D. Fernando II. Tal como indicado no seu ‘inventário orfanológico’, os terrenos entre a Quinta da Abelheira e o Castelo dos Mouros, foram adquiridos pelo monarca no dia 2 de Setembro de 1857. 


Inicio do percurso pedestre junto à quinta da Abelheira e Igreja de São Miguel - infelizmente, a porta rotativa (que aqui se encontrava há bastantes anos) foi retirada.


A Álea Ferreira de Castro, local onde repousa o conhecido escritor, também teve a sua sinalética renovada, permitindo encontrar mais informações com a ajuda de um smartphone e da aplicação 'talking heritage'.


Na segunda cintura de muralhas do Castelo dos Mouros, foi colocado um portão em madeira de acácia.

#Fotografias: Setembro '13